Leitores de Camilo*
A Casa Comum das Tertúlias, dirigida por Luís Lourenço, convidou-me para falar sobre Camilo C. Branco. Leio Camilo, há mais de 40 anos, a quem considero um génio.
Tenho uma colecção de Camilo e Camiliana com mais de quinhentos volumesque no seu núcleo central tem mais de sessenta primeiras e segundas edições do Mestre.
Do espólio Camiliano tem trezentos e poucos livros do torturado de Ceide eduzentos e poucos sobre o grande escritor, a maior parte dos melhoresescritores portugueses desde a segunda metade do séc. XIX.
Depois duma introdução rápida sobre o escritor e sobre a sua vida, em queabordei as facetas mais salientes da “floresta” extraordinária de todas as suaspublicações, desde a novela ao artigo de jornal, da poesia ao teatro, daepistolografia fabulosa até às disputas literárias, todas elas com bom senso ebom gosto. A sua vida trágica, tão trágica, que ainda foi possível muitas vezesfazer alegrias no meio de tanta tristeza e tantas dificuldades económicas. Num século dezanove, que entre nós, ter leitores acima de dez centenas era precisoser um génio como Camilo.
Outra faceta extraordinária era o conhecimento que tinha dos portugueses queviviam no campo, nas aldeias, nas quintas, nas pequenas parcelas do nosso país,além dos meios urbanos onde também gostava de frequentar e de viver,nomeadamente o meio portuense, o português profundo está belissimamentedescrito em Camilo e quem o lê entende o seu concidadão com mais facilidade.
Temos pena que este homem tivesse que escrever em “sprint” pois o dinheiroescasseava sempre e afligia-o constantemente. O que lhe valia era a suaperfeição para escrever para não perder tempo a emendar tudo aquilo queproduzia. Camilo ainda seria maior do que foi, se tivesse, uma economiaestável, que lhe permitisse escrever devagar.
Não há páginas em vernáculo com a beleza e a economia de palavras deste grandeescritor.
Depois foram mostradas várias edições primeiras de Camilo e lidos excertos devários livros do escritor e de estudos sobre o escritor.
*Por: Manuel Lopes Dias
Nota:
Publicamos o texto enviado pelo Eng.º António Manuel Lopes Dias, cujo manuscrito transcrevemos. O autor deste texto foi nosso convidado para a última tertúlia "Leitores de Camilo”, realizada no Cybercentro de Castelo Branco, a 5 de Maio de 2007, pelas 16h, numa organizaçãoda Casa Comum das Tertúlias e com moderação de Luís Norberto Lourenço (Fundador e Organizador da Casa Comum das Tertúlias).
E-mail: luis.lourenco@portugalmail.pt
Etiquetas: Beira Baixa, Camiliana, Camilo Castelo Branco, CCT, leitores, Portugal, tertúlia
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